FESTIVAL LGBTQ+

Com duas peças conhecidas do grande público, “Angel” e “Depois Daquela Noite” e a estreia de “Chorávamos Terra Ontem à Noite“, o ator e diretor Eduardo Martini vai ser destaque no novo Centro Cultural da Diversidade nos meses de outubro e novembro de 2019. Nos espetáculos, sobram diálogos em torno de temas como relacionamento, sexualidade e diversidade.

A temática diversidade, aliás, vai ser mesmo abraçada pelo remodelado espaço da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, no bairro do Itaim Bibi.

Sob direção do jornalista André Fischer, o teatro passou a se chamar Centro Cultural da Diversidade em junho e, no segundo semestre, receberá o Festival LGBTQ+, abordando temas intrínsecos à realidade da comunidade por meio da arte. O festival tem início no dia 10 de outubro e acontece todas as quintas-feiras, sextas-feiras e sábados até o dia 3 de novembro.

É neste contexto que Eduardo Martini e grande equipe levam dinamismo e leveza para tratar assuntos delicados. O público será agraciado com peças que já passaram por tradicionais palcos como Teatro Itália e Viradalata. Vale a pena ler a seguir o enredo, a ficha técnica e o serviço de cada uma delas.

BeFunky-collage

Depois Daquela Noite

“Depois Daquela Noite” gira em torno de dois casais – um heterossexual e um homossexual – que compartilham revelações em um encontro onde todos têm seu verdadeiro “eu” revelado. Na trama, Ana (Carol Hubner) e Rafael (Eduardo Martini) são colegas de trabalho que, em certo dia, deparam-se com uma chuva torrencial que transforma a cidade em um caos. Impossibilitados de retornarem às suas casas, resolvem passar a noite em um hotel. Ana telefona e conta a situação ao seu marido Maurício, e Rafael entra em contato com seu namorado André (Theo Hoffmann). Desconfiados, ambos vão atrás de seus respectivos cônjuges no hotel e, a partir daí, verdades vêm à tona e laços são testados.

Com Carol Hubner, Renato Scarpin, Theo Hoffmann e Eduardo Martini 

10 a 31/10

Quinta – 21h

$40

Classificação 16 anos

Angel

Nesta trama de intriga e sedução, os strippers do cabaré Apocalipse disputam a atenção de uma poderosa senadora, frequentadora assídua do local, interpretada pela atriz Cléo Ventura. Angel é o stripper mais cobiçado do Apocalipse e preferido da ilustre cliente, mas vê seu reinado ser ameaçado com a chegada de Baiano, rapaz vindo do interior que desperta interesse na senadora e ciúmes nos colegas.

Com Bruno Alba, Elder Galatty, Cléo Ventura, Guilherme Chelucci, Juan Manuel Tellategui, Markinhos Moura, Nando Maracchi, Fernando Maia e Eduardo Martini 

11/10 a 02/11

Sexta e Sábado – 21h

$40

Classificação 14 anos

Chorávamos Terra Ontem à Noite

Neste espetáculo sobre a saudade e as fragilidades da morte, Eduardo Martini e Elder Gallaty dão vida a dois irmãos – Luís e Antônio –, separados pelo destino, que se reencontram para dar conta do inventário deixado pelo pai. 

A vida separou esses irmãos em algum momento em que brincavam debaixo das árvores, e os dois trilharam caminhos completamente diferentes. Será que nada muda na paisagem que ficou parada, bem ali, na ameaça da saudade?

Com Eduardo Martini e Elder Gattely 

13/10 até 03/11

Domingo – 19h

$40

Classificação 14 anos
Local: Centro Cultural da Diversidade – antigo Teatro Décio de Almeida Prado (R. Lopes Neto, 206 – Itaim Bibi, São Paulo)

12 HOMENS E UMA SENTENÇA

A trama de um dos melhores filmes de tribunal da história, 12 Angry Men, EUA, 1957, de Sidney Lumet, 12 Homens e Uma Sentença é um marco na história do teatro brasileiro com uma jornada de quase 10 anos em cena, mais de 500 mil espectadores, Prêmio APCA de melhor espetáculo e com duas indicações ao Prêmio Shell. No elenco, passaram mais de 50 atores, entre eles Zé Renato, Zécarlos Machado, Norival Rizzo.

O espetáculo reestreia no dia 10 de outubro, quinta-feira, às 20h30.  A temporada vai até 17 de novembro, sempre quintas, sextas e sábados, às 20h30, e domingo, às 19h. A direção é de Eduardo Tolentino de Araujo. A montagem retorna em 2019 para coroar os 40 anos de história do Grupo Tapa, com sessões no Teatro Aliança Francesa, palco que foi residência artística do grupo durante os primeiros 15 anos de atividades em São Paulo.

Com texto de Reginald Rose e tradução de Ivo Barroso, a montagem traz no elenco Adriano BedinAriel CannalAugusto CésarBrian Penido RossBruno BarchesiCarlos MeceniDaniel VolpiFúlvio FilhoGenézio de BarrosGuilherme Sant’AnnaNorival RizzoRenato Caldas e Rodolfo Freitas.

Na trama, o calor escaldante do verão de Nova York faz o suor pingar do rosto dos 12 homens trancados a chave numa pequena e claustrofóbica “sala de júri”. Depois de dias de julgamento, eles precisam decidir a sorte do réu. O mais importante: o veredicto precisa ser unânime. Se os 12 enclausurados jurados considerarem o réu culpado do assassinato do próprio pai, ele será executado, mas se um deles tiver uma dúvida razoável a respeito da culpabilidade, o garoto não poderá ser condenado.

Para o diretor Eduardo Tolentino, o desafio de transpor o filme para os palcos está no trabalho de atores. “Trata-se de algo que envolve ideias e discussões, por isso é importante saber como tornar isso ao mesmo tempo atraente e impactante, como no filme. Precisamos estruturar a montagem para que vá além da fala e esteja tanto no corpo dos atores como no palco.

Com dramaturgia elaborada numa escala gradual de unidades dramáticas, o texto vai envolvendo o espectador na medida em que a história vai sendo contada. Doze atores em cena o tempo todo, a peça cria um fascinante embate, que culmina em um prazeroso desfile de uma amostra da sociedade.

FACE.png

12 Homens e Uma Sentença

Com Adriano Bedin, Ariel Cannal, Augusto César, Brian Penido Ross, Bruno Barchesi, Carlos Meceni, Daniel Volpi, Fúlvio Filho, Genézio de Barros, Guilherme Sant’Anna, Norival Rizzo, Renato Caldas e Rodolfo Freitas

Teatro Aliança Francesa (Rua Gen. Jardim, 182 – Vila Buarque, São Paulo)

Duração 100 minutos

10/10 até 17/11

Quinta, Sexta e Sábado – 20h30, Domingo – 19h

$30/$60

Classificação 12 anos

VIRADA SUSTENTÁVEL RIO 2019

No dia de Ação Global pela Agenda 2030 da ONU, 25 de outubro, foi lançada a programação da Virada Sustentável Rio 2019, a maior mobilização de cultura e educação para a sustentabilidade do Brasil. Diversos parceiros do festival estiveram no lançamento, que aconteceu na Casa Firjan. Meditação no Pão de Açúcar, um palco liderado por mulheres no Circo Voador e o Fórum Virada Sustentável são algumas das atrações entre as mais de 400 atividades gratuitas que acontecerão em aproximadamente 30 bairros da cidade, de 17 a 20 de outubro. A programação já está disponível no site  www.viradasustentavel.org.br.

O gerente de Sustentabilidade do Sistema Firjan, Jorge Peron, abriu as apresentações. “Estamos honrados pela parceria institucional com a Virada Sustentável, principalmente pelos nossos pontos de intersecção, que são o trabalho para o desenvolvimento, formação de valores e construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. A Virada Sustentável é inclusiva, abrangente e social e tem o mesmo objetivo que o nosso, que é o de não deixar ninguém para trás”, disse.

A Virada Sustentável tem o propósito de aumentar o engajamento da sociedade em relação à sustentabilidade, unindo causas e organizações transformadoras. A programação é repleta de atividades culturais, exposições de artes visuais, shows musicais, oficinas, performances, atividades infantis, rodas de conversa e painéis de debate com temática ambiental, social e econômica. O eixo da programação são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

“O espírito da Virada Sustentável é fortalecer a rede de sustentabilidade. Hoje temos vários exemplos de patrocinadores que conheceram projetos durante a Virada, e de organizações que se conheceram no nosso festival e agora realizam projetos juntos. São várias as possibilidades de conexão e sinergia para a construção de uma cidade melhor para todos, e esse é o nosso melhor legado”, disse Renato Saraiva, diretor da Virada Sustentável no Rio de Janeiro.

Meditação nas Alturas | Bondinho Pão de Açúcar

No dia 17 de outubro (quinta-feira), às 7h, a Virada Sustentável começa no Bondinho Pão de Açúcar com uma grande atividade de meditação em um dos cenários mais inspiradores do Rio. E nos outros quatro dias de festival, estão programadas mais de cem atividades de saúde e bem-estar espalhados pela cidade como yoga restaurativa, constelação familiar, reiki, entre outras.

Palco Delas | Circo Voador

Uma noite comandada por mulheres no Circo Voador será um dos pontos altos da terceira edição da Virada Sustentável no Rio. A cirandeira mais famosa do mundo, Lia de Itamaracá, fará um encontro memorável com o Jongo da Serrinha. Também se apresentam a emblemática banda As Bahias e a Cozinha Mineira e o grupo lúdico e poético Slam das Minas RJ. A Feira Crespa marca presença com venda de artigos produzidos por empreendedoras e militantes da beleza negra. A programação no Circo Voador acontece no dia 17 de outubro, a partir das 19h.

Fórum Virada Sustentável | Casa Firjan

Nos dias 18 e 19 de outubro, o Fórum Virada Sustentável ocupa dois espaços da Casa Firjan: o Auditório e o Lab Cocriação. Cerca de 1500 pessoas são esperadas para debater questões sociais, econômicas e ambientais. Serão quase vinte painéis com especialistas em diversos temas, todos relacionados aos ODS. Amazônia, mudanças climáticas, segurança pública, educação, alimentação e fome zero, diversidade e equidade são alguns temas de exposição de ideias e debates.

Parque Lage e Sesc Tijuca

Arte, cultura, educação, promoção de saúde e bem-estar, ação e conhecimento são as bases das centenas de atividades que acontecem nos dias 18, 19 e 20 nestes dois endereços. No Parque Lage serão 11 espaços com atividades da Virada Sustentável, já o Sesc Tijuca reservou 9 locais para abrigar atividades, entre salas fechadas e espaços ao ar livre.

Alcance territorial

A Virada Sustentável tem o propósito de promover uma grande mobilização comunitária para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável, por isso uma das características do festival é a realização de atividades em comunidades e bairros em todas as zonas da cidade. Esse objetivo é alcançado por meio da articulação e parceria com diversas organizações e coletivos sociais. Neste ano, a Virada Sustentável alcança mais de 30 bairros, de Sepetiba e Campo Grande, na zona oeste, a Ramos e Madureira, na zona norte, além das cidades de Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e São João do Meriti.

Sobre a Virada Sustentável

A Virada Sustentável é um movimento de mobilização e educação para a sustentabilidade por meio do maior festival cultural sobre o tema do Brasil. A primeira edição no país aconteceu em 2011, em São Paulo. Hoje o festival já está em mais cinco cidades: Rio, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Manaus.

O festival, idealizado por André Palhano e Mariana Amaral, envolve articulação e participação direta de organizações da sociedade civil, órgãos públicos, coletivos de cultura, movimentos sociais, equipamentos culturais, empresas, escolas e universidades, entre outros, com o objetivo de apresentar uma visão positiva e inspiradora sobre a sustentabilidade e seus diferentes temas para a população, além de reforçar as redes de transformação e impacto social existentes nas diferentes cidades.

O BEIJO NO ASFALTO

O Beijo no Asfalto talvez seja o maior legado do teatro rodrigueano ao poder do mundo midiático e todos os seus ilimitados desdobramentos, sua relação com o homem, suas consequências, sua moral, sua ética.

Clássico de Nelson Rodrigues, que reestreia dia 20 de novembro, quarta-feira, às 21h, no Teatro do Núcleo Experimental, estreou em outubro no SESC Santo AndréBruno Perillo assina a direção do espetáculo que conta com os atores Anderson Negreiros, Angela Ribeiro, Heitor Goldflus, Lucas Lentini, Mauro Schames, Natalia Gonsales, Rita Pisano, Roberto Audio Valdir Rivaben.

Falando de um Rio de Janeiro de 60 anos atrás, a peça ressurge mais atual do que nunca. Nelson Rodrigues expõe, de modo claro e objetivo, o terror que se alastra por uma sociedade diante de uma notícia que se mostra fora do paradigma inconsciente da normalidade, que aparenta estar num plano de percepção diferente do senso comum estabelecido nesta mesma sociedade.

A notícia de que um homem beijou outro homem na boca, no meio da rua, no centro da grande cidade, é o suficiente para servir de célula para disseminar uma tragédia.

Arandir, o protagonista, catalisa em si tudo o que resta de vida humana, em seu sentido simbólico mais poético e fraterno possível. Após este simples e singelo ato (mas indubitavelmente raro e belo) – o beijo na boca de um homem atropelado e prestes a morrer – Arandir passa de mera testemunha de um acidente a acusado de um crime. Por que essa “fábula” trágica, desenhada tão bem por Nelson Rodrigues, nos é tão impactante ainda hoje?

Nossa busca, enquanto artistas e cidadãos, é a tentativa de reverter a cegueira cotidiana, rígida e impermeável (que nos faz sucumbir ao aniquilamento da poesia, do amor) e propor outros olhares possíveis para aquilo que nos cerca.

Em que momento passamos a ser regidos pelas notícias e opiniões ao redor? Em que lugar ficou a nossa capacidade de reflexão e discernimento, de empatia e sensibilidade?

O personagem Amado Ribeiro, o repórter, por sua vez, é o catalisador maior da tragédia. Ele é o rei das manchetes, o homem que domina o talento mais cafajeste numa sociedade.

É imprescindível que se veja no palco esta figura de um jeito cru, no que ele tem de mais nocivo e sórdido; e não da maneira em que costumeiramente vemos os canalhas, “maquiados”.

O nosso mundo só lê manchetes. As manchetes são basicamente aquilo que o nosso mundo é, no aqui e no agora do hoje. Twitter, Facebook, Instagram, Whatsapp e outros afins, são gigantes canalizadores e reprodutores de manchetes e/ou “notícias”, e das mais infinitas opiniões.

A grande desgraça que se abate sobre Arandir talvez seja a intromissão e a usurpação, em sua intimidade mais profunda, de uma alienação e de uma ignorância tóxicas endêmicas, que se originam nos mais antigos resquícios da nossa fundação de país. O pequeno ato de Arandir é um gigantesco ato de resistência.

A devastação de sua privacidade é a consequência direta de sua condenação. Um beijo entre dois homens, no meio da rua, diante da bandeira nacional, é atitude pública inadmissível.

À parte e somando-se a tudo isso, a escolha de um ator negro para o papel de Arandir (o ator Anderson Negreiros) traz instantaneamente novas camadas de conexões, arrastando junto uma história de 500 anos de um Brasil repleto de contradições inexoráveis em sua fragilíssima identidade.

Proposta de Encenação

A encenação partirá da ideia de se realizar uma radiografia do texto, para tentar extrair o que consideramos a sua essência. Para tentar investigar, com um olhar aprofundado, as raízes dos acontecimentos que se abatem sobre os personagens, e as suas questões mais relevantes para o Brasil de hoje.

O texto ágil, potente e fracionado (em total sujeição ao mote principal) é ação. A ação, por sua vez, é diálogo. Tudo principia em decorrência de um evento (o beijo) que se dá em plena rua, na Praça da Bandeira, no Rio de Janeiro, diante de muitas testemunhas e centenas de transeuntes.

Não há, por assim dizer, necessidade alguma de se estabelecer no palco qualquer espécie de formalização cenográfica. Pelo contrário, vamos trabalhar no sentido de conceber um campo simbólico para todo o desenrolar da trama, como se tudo ocorresse num espaço público.

A ação dramática se avoluma a cada fala, a cada quadro, e se torna autossuficiente, na medida em que se atinja a enorme autenticidade contida nas falas. Aos poucos, elas nos revelam o deserto interior de cada um dos personagens (em contraposição a Arandir), o deserto de amor cuja secura será a matéria do incêndio em que se transforma o horror difundido por Amado.

A simplicidade estética, em benefício da eficiência da narrativa, será a nossa busca. O elenco permanecerá o tempo todo no palco, seja no foco da cena, seja compondo imagens em relação ao foco, mas nunca passivamente (sempre como um grande olhar externo julgador).

Os objetos cênicos irão assumir diversas posições e funções ao longo da montagem. A alegoria do “rolo compressor” – que assenta o asfalto, mas que remete a um enquadramento generalizado da sociedade, e também à rotativa, a máquina que imprime os jornais – é uma imagem que nos apontará caminhos para a encenação.

As interpretações vão caminhar no sentido de tentar expor, no limite, o jogo bárbaro da manipulação, em contraponto ao que vamos chamar de campo poético da existência. Como num raio X, queremos explicitar as entranhas desse texto, sem subterfúgios, e sem qualquer traço de caricatura.

FACE (2)

O Beijo no Asfalto

Com Anderson Negreiros, Angela Ribeiro, Heitor Goldflus, Lucas Lentini, Mauro Schames, Natalia Gonsales, Rita Pisano, Roberto Audio e Valdir Rivaben

Teatro do Núcleo Experimental (Rua Barra Funda, 637 – Barra Funda, São Paulo)

Duração 80 minutos

20/11 até 12/12

Quarta e Quinta – 21h

$40

Classificação 14 anos

RES PÚBLICA 2023

REPÚBLICA. [do latim, res publica (“coisa pública”)] 1. Bairro do centro histórico de São Paulo, formado no entorno da Praça da República, limitado ao norte pela av. Duque de Caxias, ao leste pelo Vale do Anhangabaú, a oeste pelo bairro de Higienópolis e ao sul pela Praça Franklin Roosevelt; 2. Utopia do filósofo grego Platão, escrita no século IV a.C. sob a forma de diálogos, ao longo dos quais a personagem de Sócrates descreve a formação de uma cidade ideal, A República, de onde os artistas deverão ser expatriados; e 3. Como é conhecida popularmente uma casa onde moram diversas pessoas de laço não-consanguíneo.

Depois de ter seu texto eleito por dois anos consecutivos como o quarto melhor inscrito no “Edital de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos” (2017 e 2018), obtendo a primeira suplência entre os mais de 260 inscritos nas duas ocasiões, RES PÚBLICA 2023, d’A MOTOSSERRA PERFUMADA, foi recentemente censurado pela diretoria da Funarte SP, onde estava com a estreia marcada. A decisão arbitrária da instituição, baseada exclusivamente em uma sinopse, foi acompanhada pela explicação de que a peça não teria “qualidade artística” para ocupar uma das salas do complexo cultural.

O espetáculo escrito e dirigido por Biagio Pecorelli finalmente estreia no dia 11 de outubro, no Espaço Cênico Ademar Guerra, no porão do CCSP – Centro Cultural São Paulo, onde segue em cartaz até 10 de novembro. O elenco, além do próprio diretor, fica completo com Bruno Caetano, Camila Rios, Edson Van Gogh, Jonnata Doll e Leonarda Glück.

A trama da peça se passa no Réveillon de 2023, quando o movimento Anaconda Brazil leva às ruas grandes massas patrióticas. O Brasil vive um período de grande prosperidade econômica, mas não para Tom, Billy, Suzanne, Vincent, John e Vallentina, que vivem amontoados numa pequena república no centro de São Paulo. No limite entre ficção e realidade, eles contam histórias e se revezam na tarefa de trazer da rua objetos com os quais vão construindo uma trincheira, atrás da qual estarão sempre entre combater ou esperar misticamente por dias melhores.

A pesquisa que originou este projeto

Em sua famosa obra “A República” (século IV a.C.), o filósofo grego Platão discorre sobre diversos temas que sedimentam a fundação de uma cidade ideal. Feita sob a forma de diálogos e dividida em dez livros, a obra é uma exaustiva reflexão sobre a Justiça, ao longo da qual a figura de Sócrates conduz seus aprendizes a uma compreensão racional de tudo aquilo que faz a cidade prosperar para o Bem, propiciando à alma do homem não a sua degeneração, mas o “discernimento” da Verdade.

Conferindo a esse “discernimento” o status de baliza não apenas para sua visão de Justiça, mas também a estendendo para toda a concepção política e ética da República, Platão desenhou os contornos de uma cidade ideal, da qual o artista deve ser expulso por ser ele quem copia a realidade ao criar ilusões que afastam os cidadãos da Verdade. Mas, a quem serviria uma cidade ideal?

O descompasso na relação entre o Poeta e a Cidade, podemos dizer de maneira mais ampla entre o Artista e a Cidade, permanece aceso no século 21, mesmo com todas as ressignificações do estatuto da arte. Não faltam exemplos no século passado no qual a Arte (e o Teatro) foi reduzida a um mero instrumento propagandístico de Estados totalitários, de esquerda e de direita. O regime Nazista alemão, por exemplo, alcunhou de “Arte Degenerada” a Arte Moderna, censurando toda arte (inclusive o Teatro) que não exaltasse o que chamava de “sangue e solo” (Blut und Boden). O suicídio de Maiakovski em 1933, por sua vez, bem como o assassinato de Meyerhold em 1940, também provam o quão trágico pode ser o destino de um artista na caminhada de uma sociedade rumo ao Comunismo.

E o que dizer das acusações que recentemente têm sido deferidas por setores mais conservadores da sociedade contra artistas brasileiros cujas obras, segundo esses setores, ferem os valores morais, afastam os homens do Bem? Não teriam como pano de fundo o mesmo secular embate entre Artista e Cidade exaltado por Platão em “A República”? Não colocariam mais uma vez em jogo o descompasso entre Arte e Cidadania, descompasso este que parece se agravar sempre que se acirram as disputas políticas e econômicas no espaço público?

Para a criação de “RES PUBLICA 2023”, A MOTOSSERRA PERFUMADA buscou estender, enquanto pesquisa cênica desenvolvida por 2 anos no bairro, essa visão do artista como um “degenerado” para toda uma legião de “expatriados” – gays, prostitutas, michês, travestis, imigrantes, adictos, etc. – que vive na República, coração da cidade de São Paulo. Como a figura do poeta na cidade ideal platônica, essas populações se encontram hoje exiladas, nesse caso, exiladas dentro mesmo da cidade, resistindo aos regimes de ordenação moral e econômica do espaço urbano que sufocam e restringem, muitas vezes silenciosamente, seu usufruto da coisa pública.

Sobre a Encenação (por Biagio Pecorelli) 

Nascida de uma pesquisa em site-specific no bairro da República, a dramaturgia de RES PUBLICA 2023 faz referências a pontos estratégicos da vida noturna desta localidade, à geografia urbana do bairro, ao passado de prática de touradas na Praça e às perseguições de sua população “expatriada” (imigrantes, gays, travestis, artistas, baixa classe teatral, etc.). Em cena, o elenco instaura um clima de convivência e partilha de objetos e desejos, semelhante ao de uma república (moradia coletiva); e atua a partir da construção dos seus personagens e das suas próprias biografias – que aqui se misturam. Para o palco, trazem objetos – um vaso sanitário, uma placa luminosa “2023”, um gramofone, etc. – que vão compondo a cenografia e depois se tornam uma espécie de trincheira. 

O prólogo da peça compreende uma espécie de live terrorista, no qual o elenco (vestindo máscaras que lembram as da KKK) fala para uma câmera, deixando para o público a sensação de que está num set de gravação, bastante precário. Ao final do Prólogo, o elenco conduz a mesa ao palco ao som de um trecho de “Marcha Fúnebre de Siegfried”, de Richard Wagner. 

Os três quadros da peça, que se passam no ínterim de uma festa de Réveillon, têm como referência a linguagem do Teatro de Revista, uma linguagem popular, já apontada na própria dramaturgia, com entradas e saídas rápidas de personagens. Em pontos estratégicos da peça, a encenação estabelece “clareiras” nas quais as personagens atuam textos ou números que parecem descoladas da dramaturgia, mas oferecem, sobre esta, novas perspectivas (políticas, estéticas, éticas, sociais, etc.). É o caso do número de Billy e Vallentina, com um texto extraído de O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, com a travesti fazendo o papel de Heloisa de Lesbos, ao som de uma versão naïf de Aquarela do Brasil pela orquestra do Ray Conniff; do spoken word da personagem Suzanne ao microfone, entre os Quadros I e II; das digressões sobre o movimento punk no Ceará, feitas pelo cantor cearense Jonnata Doll; e do depoimento, em voz off, do personagem Tom, vestido de coelho, sobre a monogamia e o Amor Universal no Quadro III da peça. 

O Epílogo da peça retoma a mesa disposta no Prólogo, mas desta vez para mesclar uma Santa Ceia com uma aula – entendida como performance –, na qual as personagens descrevem os acontecimentos posteriores à narrativa a partir de imagens fotográficas e pictóricas colhidas na pesquisa de dois anos sobre o bairro da República. Aqui, temas como touradas, perseguições a travestis, guerras e pintura a óleo se mesclam para oferecer ao público uma cena onde os tempos – passado, presente e futuro – se devoram. 

FACE (1)

Res Pública 2023

Com Biagio Pecorelli, Bruno Caetano, Camila Rios, Edson Van Gogh, Jonnata Doll e Leonarda Glück

Centro Cultural São Paulo – Espaço Cênico Ademar Guerra (Rua Vergueiro, 1000, Paraíso – São Paulo)

Duração 100 minutos

11/10 até 10/11

Quinta, Sexta e Sábado – 21h, Domingo – 20h

$40

Classificação 16 anos

GALO ÍNDIO

Espetáculo solo de Rodolfo Amorim, do Grupo XIX de Teatro, com direção de Antônio JanuzelliGalo Índio ganha nova temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, de 4 a 26 de outubro, com sessões às sextas-feiras às 20h e aos sábados às 18h. Ingressos gratuitos.

O projeto foi contemplado pela 8ª Edição do Prêmio Zé Renato para a Cidade de São Paulo e a temporada tem o apoio institucional da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Após o espetáculo haverá um bate papo com convidados. A atriz e diretora Janaína Leite fala sobre o teatro autobiográfico, no dia 4 de outubro, sexta-feira, o diretor e dramaturgo Marcelo Soler sobre teatro documentário; no dia 5 de outubro, sábado; crítico e dramaturgo Miguel Arcanjo Prado sobre a crítica no teatro documental, no dia 11 de outubro, sexta-feira.

O solo mostra um órfão, que tenta retratar o seu pai ausente a partir de poucos fragmentos que se alojaram em sua memória. Na busca pelos contornos desse pai, sua própria infância emerge de sua memória e demonstra o quanto esse vazio foi determinante na construção da sua forma de ver e interagir com a vida. Um encontro entre pai e filho. Entre um adulto e sua criança.

Galo Índio remonta as lembranças do ator e autor Rodolfo Amorim em relação a morte de seu pai e o silêncio criado em torno desse fato na sua infância em Sorocaba. O ator pesquisou sobre a memória e as possibilidades de exploração da multiplicidade e transformações de uma narrativa. Entrevistas, relatos de pessoas próximas desse acontecimento e documentos, foram os materiais provocadores na construção desse retrato.

Nesse jogo de rememoração, incomoda mais ao órfão sua necessidade de pensar o pai, feita de dificuldades, imprecisões e faltas, do que propriamente a morte em si. Sua forma de enterrar o pai e compreender sua partida é desvelar as palavras que o encobrem. Assim, na tentativa de traduzi-lo, o confessor nos leva ao mundo invisível de sua história: à medida que precisa aliviar o fardo de sua criança e desse pai.

Pensamos um procedimento que investigue e discuta não só o ato de estar só em cena, mas sobretudo, de utilizar a própria história do ator/narrador, em seus limites de interprete e confessor. Fazendo da fricção entre um fragmento do real e o imaginado, um meio de encontrar ecos com o público em sua materialidade cênica,” explica Rodolfo Amorim.

Em uma trajetória pelo passado com ecos no presente, a peça reconstitui a personalidade de um pai conservado e inventado no silêncio dos anos. A busca de detalhes para esse retrato, somada à dificuldade de traduzir em palavras as lembranças que restam de alguém que se foi, resulta nessa peça autobiográfica sobre a perda de um pai, conectada com as atuais formas de autorrepresentação e autoficcionalização.

FACE

Galo Índio

Com Rodolfo Amorim

Oficina Cultural Oswald de Andrade – Sala Espaço Cênico (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro – São Paulo)

Duração 60 minutos

04 a 26/10

Sexta – 20h, Sábado – 18h

Grátis

Classificação 14 anos

NESTE MUNDO LOUCO, NESTA NOITE BRILHANTE

Depois do sucesso com Contrações e Love, Love, Love (que ganharam os prêmios Shell, APCA, APTR, Questão de Crítica e Aplauso Brasil), o Grupo 3 de Teatro estreou recentemente o sexto espetáculo de sua trajetória: Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante, o novo texto da conceituada dramaturga Silvia Gomez. Com direção de Gabriel Fontes Paiva, a peça ganha uma temporada gratuita no Teatro Municipal João Caetanoentre 10 e 20 de outubro.

Na trama, enquanto aviões de várias partes do mundo decolam e aterrissam, a vigia do KM 23 de uma rodovia abandonada encontra jogada no asfalto uma garota que delira após ser violentada naquela noite estrelada.

A cada dez minutos uma mulher é vítima de estupro no Brasil. “Terminei este texto no final do ano passado, mas ele começou a se materializar mesmo em 2015, dia após dia, diante do aumento dos casos de estupro e violência contra a mulher no Brasil, histórias que temos visto tomar as notícias. Acho que a peça é um desabafo, alegoria, uma resposta artística a essa realidade, buscando falar dela em outra camada: escrevo sobre um encontro entre duas mulheres num KM abandonado do Brasil. Uma delas acaba de ser violentada e, no delírio da violência, fala. Busco no delírio um diálogo com a realidade impossível de alcançar. De que sintoma complexo do nosso tempo e do nosso país as estatísticas falam? Não tenho respostas exatas, mas muita perplexidade e perguntas que procuro elaborar na cena absurda. Escrevi pensando no Grupo 3, pois há muito tempo queria criar algo só para eles, que são minha turma de Belo Horizonte, MG, com a qual comecei e troco há mais de 20 anos”, revela a autora Silvia Gomez.

Com linguagem não realista e poética e humor ácido, o texto discute as relações de dominação e resistência, de conflito e poder, praticadas pela humanidade desde tempos imemoriais. É uma obra ao mesmo tempo política e psicológica, local e universal, escrita por uma das principais dramaturgas brasileiras atuais, que já teve seus trabalhos publicados em sete idiomas.

Em geral, encontro personagens em situações de limite pessoal, emocional, às vezes físico. Nesse lugar, onde as convenções parecem de repente suspensas, uma espécie de lucidez-delirante – assim mesmo, contraditória – toma corpo nas relações e na fala perplexa. Aquilo que não gostamos de dizer vem à tona, as palavras ficam perigosas e ao mesmo tempo quase engraçadas – há uma espécie de humor instável nascido do impasse”, acrescenta a dramaturga.

Em cena, além das duas mulheres interpretadas por Yara de Novaes e Débora Falabella, há a banda Boliviana Las Majas, que toca ao vivo a trilha composta por Lucas Santtana dialogando com as atrizes. O grupo musical é formado por Mayarí Romero, Lucia Dalence, Lucia Camacho e Isis Alvarado e entrou para o espetáculo quando o Grupo 3 fez uma leitura encenada da peça em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, e convidou a banda para participar. A iluminação de André Prado e Gabriel Paiva também é operada em cena e participa desse diálogo.

Cenas do espetáculo "Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante. Data: 24/08/2019. Local: Sesc Consolação-SP. Foto: Sérgio Silva. Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante

Com Débora Falabella e Yara de Novaes

Teatro Municipal João Caetano (Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino – São Paulo)

Duração 90 minutos

10 a 20/10

Quinta, Sexta e Sábado – 21h, Domingo – 19h

Grátis (distribuídos uma hora antes)

Classificação 16 anos

A NEVE OU FORA DE CONTROLE

Sucesso de público e crítica o espetáculo A NEVE OU FORA DE CONTROLE, um dos textos vencedores da quinta edição da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo, faz nova temporada na capital paulista. A montagem, da Cia dos Imaginários, escrita e dirigida por René Piazentin, sobe ao palco do Teatro Cacilda Becker todas as sextas-feiras do mês de outubro – dias 4, 11, 18 e 25 – sempre às 21h.

Com Aline Baba, Fernanda Gama, Gustavo Xella, Izabel Hart, Leandro Galor, Mateus Pigari, Renata Grazzini e Rodrigo Sanches, a peça procura mostrar o momento atual, em que a perplexidade muitas vezes congela a possibilidade de ação. Desde que começou a nevar no Rio de Janeiro Pedro nunca mais foi visto. Enquanto o país se prepara para a Copa do Mundo sinais de celular são rastreados e um atentado no Maracanã tira a vida de trezentas pessoas. Em meio a tudo isso figuras grotescas tramam um golpe de Estado.

A NEVE OU FORA DE CONTROLE começou a ser escrita por René Piazentin em 1996, inspirada no golpe de 1964, mas com um universo próprio, sem a intenção de constituir-se como registro histórico. O autor, que também dirige a montagem, conta que O Rinoceronte, de Ionesco foi uma influência enorme para a ideia inicial, pela forma com que representa a adesão a um regime de exceção e como ela vai se dando aos poucos, quer pela ignorância, quer pela covardia. Esquecido em um caixa, o texto foi reencontrado em 2015 após uma mudança.

Acho que temos uma tendência em não levar à sério nossa versão de vinte anos atrás quando nos deparamos com ela, mas de súbito me interessei em terminar a peça inacabada. Anotei algumas coisas, pensei em acréscimos e alterações, mas faltava algo que estruturasse o diálogo entre a minha versão de 1996 e a de 2015. Pouco tempo depois, ainda em 2016, uma amiga atriz, Thais Giovanetti, me mandou a seguinte mensagem pelo WhatsApp: “sonhei que você fazia uma peça sobre o golpe e que nevava” (o WhatsApp já estava, naquele momento, sendo decisivo). A mensagem da Thais foi aquele elemento do acaso que joga a nosso favor”, explica o autor.

O impeachment de 2016 e o escancaramento da fragilidade da democracia brasileira foi o elo de ligação e René decidiu que sua peça seria no Brasil, um Brasil imaginário onde começa a nevar no Rio de Janeiro trazendo mais um elemento estranho para a cena.

Narizes pretos de palhaços

Em A NEVE OU FORA DE CONTROLE questões políticas são discutidas sem o compromisso formal com o documental. “Como não é uma peça realista, tenho a liberdade de tocar em alguns temas e retratar figuras muito presentes na atualidade do país”, enfatiza René.

No espetáculo, os personagens vão aderindo ao embrutecimento e passam a usar narizes pretos de palhaço (a cor preta foi a saída para distanciar da figura do clown e de sua técnica específica) ressaltando um aspecto soturno, ainda que evidentemente patético. O nariz de palhaço que não é levado à sério de um lado, a neve que maravilha de outro. Ambos, por fim, tomam conta de tudo, quando já não há tempo para qualquer reação. A partir daí surgiu também a ideia de criar um plano onírico para o texto, onde as memórias do desaparecimento da personagem Pedro se confundem com os sonhos de Carmen, sua irmã e de Thais, sua namorada e amiga de sua irmã.

A NEVE OU FORA DE CONTROLE trata, claro, dos que resistem e se indignam frente a um sistema opressor. Mas também procura mostrar o nosso momento atual, onde a perplexidade muitas vezes congela a possibilidade de ação. Onde ficamos observando a neve cair, até cobrir o Cristo Redentor”, conta o autor e diretor.

Idealizada por Eliseu Weide, a cenografia ajudou a criar a linguagem do espetáculo. São seis módulos móveis (2,5m x 2,5m), que criam recortes e janelas colaborando para o jogo entre os atores, além de facilitar as transformações em cena. Já os figurinos, de Érika Grizendi, mesclam épocas distintas com adereços e texturas de 1964 aos dias atuais.

FACE (6)

A Neve ou Fora de Controle

Com Aline Baba, Fernanda Gama, Gustavo Xella, Izabel Hart, Leandro Galor, Mateus Pigari, Renata Grazzini e Rodrigo Sanches

Teatro Cacilda Becker (Rua Tito, 295 – Lapa, São Paulo)

Duração 105 minutos

04 a 25/10

Sexta – 21h

$30

Classificação 12 anos