EVITA (1983/2011)

“Que grande circo, que grande show, A Argentina chorando está, Por uma atriz que morreu, chamada Eva Perón. O povo louco! Grita de pena! Um luto sem fim. Todos rezam e pedem a Deus para morrer também!”   (“Oh, what a circus” – “Que grande circo”)

A HISTÓRIA

O musical começa no interior de uma sala de cinema em Buenos Aires (Argentina), no dia 26 de julho de 1952. A sessão é interrompida para avisar que a Primeira Dama do país acabara de passar para a imortalidade. De repente, uma nação inteira entra de luto, menos, Che Guevara, o narrador da história, que irá mostrar quem realmente foi Eva Perón.

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Casa de Eva e sua família.

Passamos para 1934, quando Eva tinha apenas 15 anos e vivia com sua família na cidade de Junín, interior do país. Sua família era pobre. Eva era ambiciosa, queria mudar-se para Buenos Aires. Para realizar seu sonho, tornou-se amante de um cantor de tango, Agustín Magaldi, que estava se apresentando em Junín. Conseguiu fazer com que ele a levasse para a capital argentina. Mas, Magaldi antes a avisa que em Buenos Aires ou ela seria engolida pela cidade ou perderia sua inocência e se transformaria em algo pior.

Chegando na capital, Eva começa sua história de ascensão social. Para conseguir o que queria – sucesso, fama, dinheiro e respeito – começa a ter casos com homens que a ajudarão alcançar seu objetivo. Torna-se modelo, estrela de rádio até virar uma atriz. Simultaneamente, o coronel Juan Domingo Perón, um ambicioso militar, também está na busca por ascensão nas Forças Armadas e  pelo poder.

Durante um concerto em prol das vítimas de um terremoto na cidade de San Juan, Eva e Perón se conhecem, e na primeira noite dos dois, ela diz que poderá ser de grande valia para coloca-lo no poder. Com isso, ela manda embora a amante de Perón, para se tornar a única.

Eva é então apresentada a alta classe e ao comando do exército do país, que a ignoram, por ela ser de uma classe social inferior. Isso faz com que Eva utilize dos “descamisados” (povo argentino) para levar Perón ao cargo de presidente na eleição de 1946 e transformar o país em uma Nova Argentina.

Durante o intervalo do espetáculo, Eva e Perón se casam.

O segundo ato começa com Perón eleito presidente. Ele fará seu discurso no balcão da Casa Rosada, sede do governo argentino. Mas o povo, os “descamisados“, pedem por Evita. É quando ela os atende e canta o clássico “Não Chores Por Mim, Argentina”.

Che Guevara faz então uma análise dos primeiros atos da primeira dama do país – uma turnê pela Europa para promover o Peronismo. Com roupas de alta costura, o ‘arco íris argentino’ começa sua viagem. É bem recebida na Espanha; já na Itália, comparam seu marido a Benito Mussolini; não impressiona os franceses; e na Inglaterra, não tem força política para ser recebida no palácio de Buckingham. Hora de voltar para casa.

Evita dá início a “Fundação Eva Perón”, que irá ajudar os “descamisados“. Che se pergunta – é um trabalho assistencial ou uma forma de lavagem de dinheiro?

estampita frentebajsDurante uma ida à igreja, Evita passa mal. Enquanto está inconsciente, Evita sonha que está conversando com Che sobre sua vida e a situação da Argentina – ele mostra que ela usa o povo para atingir seus objetivos –  a Economia está quebrada, a  Indústria Pecuária vai mal e a Imprensa critica constantemente o Governo. Ela percebe que está morrendo e não viverá por muito mais tempo.

 

Enquanto isso, a alta cúpula do Exército pressiona Perón, para que ele faça com que Evita deixe de ter poder no governo. Perón tenta argumentar que eles não chegariam onde estão se não fosse por ela. Mas acaba concordando que ela logo morrerá por causa do câncer que a consome.

Evita tenta concorrer ao cargo de vice presidente nas próximas eleições junto com Perón, mas ele lhe diz que sua saúde é muito delicada (além do que, teme que o Exército dê um golpe e o tire do poder).

Ela aceita, faz seu último discurso a nação, jurando seu amor eterno aos seus “descamisados” e pedindo perdão. Evita morre no dia 26 de julho de 1952, aos 33 anos. Um monumento seria construído para mostrar seu corpo embalsamado para a posterioridade. Só que o corpo desapareceu por dezessete anos…

PERSONAGENS

Eva Perón – de uma adolescente do interior à primeira dama da Argentina.

Che Guevara – argentino de nascimento, tornou-se revolucionário e figura importante da Revolução Cubana.

Juan Perón – de coronel do Exército a Presidente do país por três mandatos: de 1946 a 1952, de 1952 a 1955 e de 1973 a 1974.

Agustin Magaldi – cantor de tango que levou Eva de Junín a Buenos Aires.

Amante de Perón – uma adolescente que perdeu sua posição com a chegada de Eva Duarte.

Coro – População da Argentina.

“Ouça, Buenos Aires. Sei que, num instante também vai gostar de mim, Quando monte o show.” (“Buenos Aires” – “Hino a Buenos Aires”)

NÚMEROS MUSICAIS

1º ato

“A Cinema in Buenos Aires, 26 July 1952” – Multidão

“Requiem for Evita” – Coro

“Oh What a Circus” – Che e a multidão

“On This Night of a Thousand Stars” – Magaldi

“Eva and Magaldi” / “Eva, Beware of the City” – Eva, Magaldi e a família de Evita

“Buenos Aires” – Eva e a multidão

“Goodnight and Thank You” – Che, Eva, Magaldi e amantes

“The Lady’s Got Potential” – Che

“The Art of the Possible” – Perón, Generais e Eva

“Charity Concert” – Perón, Che, Magaldi e Eva

“I’d Be Surprisingly Good for You” – Eva e Perón

“Hello and Goodbye” – Eva

“Another Suitcase in Another Hall” – Amante de Perón e coro masculino

“Peron’s Latest Flame” – Che, Aristocratas, Soldados e Eva

“A New Argentina” – Eva, Che, Perón e multidão

2º Ato

“On the Balcony of the Casa Rosada” – Perón, Che e multidão

“Don’t Cry for Me Argentina” – Eva

“High Flying Adored” – Che e Eva

“Rainbow High” – Eva e estilistas

“Rainbow Tour” – Perón, Assessores e Che

“The Actress Hasn’t Learned the Lines (You’d Like to Hear)” – Eva, Aristocratas e Che

“And the Money Kept Rolling In (And Out)” – Che e multidão

“Santa Evita” – Crianças e coro

“A Waltz for Eva and Che” – Eva e Che

“You Must Love Me” – Eva

“Peron’s Latest Flame Playoff” – Soldados

“She Is a Diamond” – Perón

“Dice Are Rolling” / “Eva’s Sonnet” – Perón e Eva

“Eva’s Final Broadcast” – Eva

“Montage” – Eva, Che, Perón e coro

“Lament” – Eva, embalsamadores e Che

“Não chores por mim, Argentina, Minh’alma está contigo. A vida inteira eu te dedico, Mas não me deixes, Fica comigo” (“Don’t cry for me Argentina” – “Não chores por mim, Argentina”)

A PRODUÇÃO

Voltemos a 1965, quando o jovem compositor de então 17 anos, Andrew Lloyd Webber conheceu um aspirante a letrista pop, Tim Rice.

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O primeiro trabalho juntos foi o musical The Likes of Us”, que contava a história de Thomas John Barnardo, um filantropo irlandês que criou casas para abrigar crianças carentes no Reino Unido, a partir do meio do século XIX. Fizeram uma fita demo em 1966, mas o musical só foi montado em 09 de julho de 2005, no Lloyd Webber’s Sydmonton Festival.

Em 1967, Alan Doggett, professor de música de um colégio londrino, e que tinha auxiliado Webber e Rice no musical, pediu uma ‘cantata’ pop com tema bíblico. Compuseram o conceito original de “Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat”, que narra a vida de José no Egito.

Três anos depois, ao invés de um novo musical, criaram um álbum conceito sobre a última semana de vida de Jesus Cristo – “Jesus Christ Superstar”.Só foi adaptado para o teatro em 1971, quando estreou na Broadway e no ano seguinte, no West End, com produção de Robert Stigwood.

Stigwood pediu uma nova adaptação musical de “Peter Pan” para Rice e Webber em 1972, mas o projeto não vingou.

Em 1973, Tim Rice ouviu no rádio um programa sobre a primeira dama da Argentina, María Eva Duarte Perón. Lembrou-se de quando criança tinha o hábito de colecionar selos e não entendia a importância daquela figura nos selos argentinos.

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Selo argentino com a efígie de Eva Perón

Começou a pesquisar sobre a personagem histórica. Acabou conhecendo o diretor argentino, Carlos Pasini-Hansen, e assistiu o documentário dele sobre a vida de Evita, “Queen of Hearts” (estreou na televisão britânica em 1972). Feito para Thames Television (Londres, Inglaterra), foi filmado na Argentina e Itália, entre outubro de 1971 e fevereiro de 1972.

Sua estreia foi em 24 de outubro de 1972 no Reino Unido, sendo transmitido depois em outros países europeus e Estados unidos. Foi premiado em 1973 no Chicago Film Festival.

Muitas ideias do filme inspiraram Tim Rice.

Com o auxílio de Pasini-Hansen, Tim Rice foi até a Argentina conhecer mais sobre a vida de sua ex-primeira dama. Ao voltar da viagem, apresentou sua ideia para um novo musical a Lloyd Webber. Mas o projeto teve que esperar até 1976.

Foi como alegoria gloriosa da Argentina, através de um especial da BBC inglesa, que dois jovens, Tim Rice e Andrew Lloyd, conheceram Evita. Em meados da década de 1970, mais de 20 anos após a sua morte, Eva Perón ainda era o símbolo máximo da Argentina. Ao mesmo tempo intrigados e fascinados, movidos pelo carisma daquela mulher, realizaram a ópera-rock mais exuberante que já foi escrita. Supera todas as suas similares em brilho, fascínio, luxo…É a eloqüente ressurreição de uma figura fascinante. Através desta ópera – a mais consagrada da segunda metade do século XX – Evita continua viva em todos os palcos do mundo. Ela tornou-se uma figura ainda mais conhecida e comentada. Ela é hoje não apenas parte da história e da cultura portenha, como também do cenário cultural mundial.” (Luiz Carlos Capellano – Evita: A Mulher, o Mito)

Seguindo a estratégia de “Jesus Christ Superstar“, “Evita” foi transformado em álbum duplo. Como encarte, além das letras, sinopse e créditos, fotos do elenco e da equipe criativa feitas por vários fotógrafos, entre eles, Lord Snowdon (primeiro marido da princesa Margaret, irmã da rainha britânica, Elizabeth II).

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Julie Covington

Para o papel título, Julie Covington (“Godspell”). Paul Jones interpretou Juan Perón, Colm Wilkinson foi Che Guevara e Tony Christie, o cantor de tango, Agustin Magaldi. As vendas atingiram álbum de platina só no Reino Unido. O single “Don’t cry for me Argentina” também foi sucesso de vendas e regravado no mundo inteiro.

 

ESTREIA EM WEST END/LONDRES

Após o lançamento, e o sucesso da crítica e público, Lloyd Webber entrou em contato com o diretor e produtor norte americano, Harold Prince, para transformarem o álbum em um musical. Prince (“Cabaret”, “Company”, “Sweeney Todd”) mostrou interesse, mas teria que esperar dois anos para poder entrar no trabalho.

Enquanto esperavam, Rice e Lloyd Webber fizeram adaptações no musical. Até que no começo de 1978 começaram os ensaios e em 21 de junho desse ano, “Evita” fez seu début no Prince Edward Theatre. Foram 3.176 sessões até a cortina descer em 18 de fevereiro de 1986.

Para o papel título, Julie Covington foi convidada mas não aceitou (em 1985, Covington mostrou um certo arrependimento, mas disse que na época, a figura de Eva Perón não a agradara, por isso declinou do convite. Quem agradeceu foi uma atriz que ainda não tinha alcançado a fama: Elaine Page. Page tinha estreado em “Hair” (1968). Com o papel da primeira dama argentina, ela alcançou o estrelato. Foi premiada com o prêmio Lawrence Olivier por sua performance em um musical. E para ela, Lloyd Webber criou o papel de Grizabella em “Cats“, que lhe presenteou com o sucesso da canção “Memory“.

David Essex foi Che Guevara, Joss Ackland como Perón e Siobhán McCarthy como a amante de Perón. A direção foi de Harold Prince. Robert Stigwood foi o produtor. A coreografia foi de Larry Fuller.  Para a cenografia foram convidados Timothy O’Brien and Tazeena Firth.

O musical ganhou dois Olivier Awards: novo musical e atriz (Elaine Page), além de ter recebido indicações para David Essex (ator) e a direção de Harold Prince.

ESTREIA NA BROADWAY/NOVA YORK

No ano seguinte, “Evita” começou sua turnê pelos Estados Unidos. Começou em Los Angeles e San Francisco, antes de abrir suas cortinas no Broadway Theatre em 25 de Setembro de 1979. Foram 1.567 sessões e 17 prévias até 26 de junho de 1983.

Harold Prince também dirigiu a montagem. Tentou trazer Elaine Page para interpretar Evita, mas o sindicato de atores não deu permissão para Paige, atriz inglesa, fazer o papel.

Foi chamada Patti LuPone. Ao seu lado Mandy Patinkin como Che, Bob Gunton como Perón e Jani Ohringer como a amante de Perón. Pelos papéis, LuPone, Patinkin e Gunton ganharam o Tony Awards (a produção conquistou outras quatro estatuetas).

Mas, como tudo tem um mas, Patti LuPone em uma entrevista em 2007 afirmou que trabalhar em Evita “foi a pior experiência da minha vida. Ao invés de cantar, tinha que gritar. Era um papel que só poderia ter sido escrito por um homem que odeia mulheres. E não tive apoio dos produtores, que queriam uma estrela no palco, mas que nos bastidores me esnobavam“.

Evita

DO PALCO PARA O CINEMA

Logo após o lançamento do álbum, a ideia para um filme foi pensada. Por quinze anos, os direitos passaram pelas mãos de vários estúdios e diretores. Os nomes de Meryl Streep e Michelle Pfeiffer foram sondados.

Até que em 1983, os direitos foram vendidos para Cinergi Pictures, com distribuição pela Walt Disney Studios através da Hollywood Pictures. Na direção, Alan Parker. E como o grande nome da produção, Madonna.

Foi composta uma nova canção “You Must Love Me” para o filme.

As filmagens acontecerão entre fevereiro e maio de 1996, com cenas gravadas em Buenos Aires, Budapest e nos estúdios cinematográficos da Shepperton Studios.

Com um orçamento de 55 milhões de dólares, e com Antonio Banderas e Jonathan Price no elenco, “Evita” foi lançado nos Estados Unidos no natal de 1996. Arrecadou mais de 141 milhões de dólares e a canção criada para o filme ganhou um Oscar.

Povo da Europa, eu mando a vocês o Arco-Íris da Argentina” (“Rainbow Tour” – “Tour do Arco-Íris”)

PRODUÇÕES PELO MUNDO

O musical foi montado na Austrália, Espanha, México, Itália, Irlanda, África do Sul, Singapura, Taiwan, Hong Kong, Japão além de novas montagens em West End e na Broadway.

BRASIL

Primeira Montagem – 1983/1986

O empresário brasileiro Victor Berbara (veja nossa matéria no link) estava no México em 1981 produzindo “Evita“. Para o papel principal, a atriz/cantora argentina Valeria Lynch.

Quando em 1983, resolveu montar o musical no Brasil, ele tinha o nome da atriz na manga, já que não conseguia encontrar ninguém para o papel.

Foi quando o diretor Maurício Shermann, sugeriu para que Berbara ouvisse a cantora Claudya (na época, Cláudia). Ele não sabia quem ela era, mas aceitou fazer o teste. Só que Claudya cantou uma música desconhecida por ele. Pediu algo mais popular, até que pediu que ela cantasse “Mamãe, eu quero“. Foi aprovada.

Claudya não era atriz. Para tanto, Berbara foi demonstrando a forma como ela deveria atuar. Ela ia reproduzindo nos ensaios. Até que Shermann chamou o produtor de lado e disse que ela era ele no palco – ele deveria deixá-la um pouco mais a vontade para criar a personagem. Mas ele continuou dirigindo-a com mão de ferro. O resultado? Um sucesso. Claudya foi considerada, inclusive pelos produtores ingleses Robert Stigwood e David Land, como a melhor Evita de todos as atrizes que tinham feito o papel até então.

O espetáculo estreou em 12 de janeiro de 1983 no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. A temporada paulistana aconteceu em 1986, na casa de shows Palace.

O elenco era composto por Claudya (Evita), Mauro Mendonça (Perón), Hilton Prado (Magaldi/ Perón stand-in), Sylvia Massari (Amante de Péron/ Evita stand-in), Carlos Augusto Strazzer (Che), Vera Maria do Canto e Mello (Evita Stand-in), José Spintto (Péron stand-in), Júlio César Buys (Péron stand-in), Jorge Bueno (Che stand-in/ Magaldi stand-in), Fernando Multedo (Che stand-in/ Magaldi stand-in), Othon Rocha Neto (Che stand-in), Othon Rocha Neto (Magaldi stand-in), Solange Costa (Amante de Péron stand-in), Marie Claude Lemoine (Amante de Peron stand-in), Márcia Krengiel (Amante de Peron stand-in), Bailarinos: Cássia Leal, Ilka Muller, Lúcia Costa, Maria Odete Garnier, Maria Rita, Marília Patiño, Mônica Pereira, Sheila Matos, Caio Marcelo, Carlos Mátheson, Jonas Dalbecchi, Nilson Accioly, Roberto Lima, Solon de Almeida e Sylvio Dufrayer, Cantores: Dalny Dias César, Diana Simonelli, Juraciara Diacovo, Márcia Krengiel, Marie Claude Lemoine, Miriam Muller, Salete Bernardi, Sylvia Massari, Solange Costa, Vera Maria do Canto e Mello, Alberto Guerra, Benito de Santis, Fernando Multedo, Jorge Bueno, José Spintto, Júlio César Buys, Oswaldo da Silva, Othon Rocha Neto, Paulinho Lopes, Paulo Soares, Paulo Ullman Berlowitz, Sérgio Dionísio, Silvio Ferrari e Tony Everton Jr., Crianças:  Pedro Ivo Marins Vianna, Ana Paula Hasson Mendes, Eneida de Oliveira, Gabriel Thomas Vanucci, Giovanna de Carvalho, Luciana Mitkiewicz, Augusto Thomas Vanucci.

A equipe criativa brasileira era Victor Berbara (produção e tradução), Maurício Sherman (direção), Edson Frederico (diretor musical e orquestrações adicionais), Johnny Franklin (direção de coreografia), Norman Westwater (diretor de montagem e autor de cenografia adicional), Miguel Rosenberg (diretor de cena), Sonia Destri (assistente de direção) e Fernando Moya (coreografia).

Segunda montagem – 2011

A segunda montagem brasileira (2011) começou 61 anos antes. O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Philippe Takla, durante uma visita à Argentina, foi recepcionado pelo presidente do país e sua primeira dama, Juan Domingo e Eva Perón. Ficou impressionado com a devoção popular em relação aos dois. Quando retornou de viagem, trouxe na mala um álbum repleto de fotos, entre as quais a de Evita. Ele a enquadrou e pendurou na parece de casa. Seu filho caçula, Jorge, cresceu com a imagem daquela mulher na parede da sala de estar. Curioso, ao perguntar quem ela era, seu pai falava “Evita!“.

Eu não compreendia por que uma mulher que nem era presidente podia ser tão famosa”, contou o produtor e diretor teatral Jorge Takla. A importância só foi entendida quando em 1978, ele assistiu em Londres uma sessão do musical. “Ela morreu muito jovem, carregando o sonho de todas aquelas pessoas oprimidas a quem servia de exemplo”.

Jorge Takla comprou os direitos para montagem a obra em 2007. Foi quando começou uma revisão bibliográfica, mais acurada, dos fatos sobre Eva Perón. Leu as biografias escritas por Tomás Eloy Martínez e Juan Pablo Queiroz. Foi ao lado dos documentaristas Otavio Juliano e Luciana Ferraz até o Arquivo Geral de Buenos Aires, onde ficaram por duas semanas debruçados sobre documentos originais, programas, jornais e imagens da época. Depois de mais duas viagens, trouxeram três horas de filmagens e 1.000 fotografias, que fizeram parte das projeções no cenário do musical.

O musical, orçado em 4 milhões de reais, estreou em 26 de março de 2011, no Teatro Alfa. Foram 45 atores/cantores e uma orquestra com 20 músicos. As músicas – que misturam ritmos latinos, com rock, samba, ópera e xaxado, foram reinterpretadas e traduzidas por Vânia Pajares e Cláudio Botelho.

Para criar – e recriar o figurino da primeira dama – Fábio Namatame criou mais de 350 peças para todos os personagens – sejam população argentina, integrantes do exército, até as peças da grife francesa Dior, estilista preferido de Evita.

O elenco tinha Paula Capovilla, Daniel Boaventura, Fred Silveira, Bianca Tadini, Leonardo Wagner, Pedro Ometto, Adalberto Halvez, Adriana Naccache, Alessandra Vertamatti, Alexandra Manólio, Ana Beatriz Morais, Brenda Nadler, Cidália Castro, Daniel Caldini, Fabiane Bang, Felipe Caczan, Felipe Domingues, Fernando Palazza, Fernando Petelinkar, Gisele Gonçalves, Gustavo Lassen, Julia Duarte, Juliana Rossi, Lívia Delgado, Marcelo Freire, Marcelo Vasquez, Mariana Barros, Mariana Rosinski, Nick Vila Maior, Olívia Branco, Paula Miessa, Rafael Villar, Randal Oliveira, Roberto Borges, Roberto Rocha, Rogério Matias, Thiago Jansen, Wesley Fernandez, Isabela Rangel, Izabely Tomazi, Juliane Oliveira, Letícia dos Santos Carmo, Mariana Martins e  Matheus Braga.

A equipe criativa era composta por Jorge Takla (direção geral), Tânia Nardini (direção associada e coreografia), Vânia Pajares (direção musical e regência), Cláudio Botelho (versão brasileira), Fábio Namatame (figurinos), Jorge Takla e Paulo Corrêa (cenografia), Ney Bonfante (design de luz), Fernando Fortes (design de som), e Luciana Ferraz, Juliano Seganti e Otavio Juliano (projeções).

Para onde vamos daqui? Não é onde pretendíamos estar Nós tínhamos tudo Você acreditou em mim, eu acreditei em você Você deve me amar… (“You must love me” – “Você  deve me amar”)

CURIOSIDADES

  • Evita era a forma que María Eva Duarte de Perón (1919-1952), ex-primeira dama da Argentina, gostava de ser chamada.
  • Evita estreou no cinema com o filme “Segundos Afuera” (1937).
  • Durante a viagem oficial do arco-íris argentino pela Europa, Evita passou pela Argentina, Itália, França, Inglaterra, Portugal, Suíça, Brasil e Uruguai.
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Evita e Eurico Gaspar Dutra (1947)

  • Três milhões de pessoas tomaram as ruas de Buenos Aires para chorarem por “Santa Evita”, a mãe dos pobres, a mãe do povo.
  • Seu corpo foi embalsamado para ser exposto em um mausoléu construído para esse fim. Mas em 1955, militares que depuseram Juan Perón, roubaram o corpo para evitar que ele fosse símbolo de adoração. Circulou pelo país antes de ser enviado para Itália e ser enterrado. Foi devolvido ao marido em 1971, na Espanha, onde ele estava exilado. Voltou para Argentina em 1974, pelas mãos de Isabellita Perón, terceira esposa de Juan Perón.
  • O mausoléu de Evita encontra-se no cemitério da Recoleta, em Buenos Aires.
  • Assim como o musical “Jesus Christ Superstar”, “Evita” primeiro foi lançado como disco, para só depois ser transformado em musical.
  • Se fosse só por Lloyd Webber, “Evita” não existiria. Ele escreveu o musical, mas fazendo com que o público estivesse contra a protagonista-vilã.
  • O diretor argentino Carlos Pasini-Hansen (documentário “Queen of Hearts”) participou do álbum conceito de 1976. Carlos escreveu e gravou as falas do ator que interrompe o filme num cinema em Buenos Aires para anunciar que Evita havia falecido.
  • Dont’ cry for me Argentina” não foi o primeiro título para a canção. A letra foi adaptada. Poderia ter sido chamada “It’s Only Your Lover Returning” (“É somente o seu amante retornando”) ou “All Through My Crazy and Wild Days” (“Durante meus dias loucos e selvagens”).
  • Quando Tim Rice visitou a Argentina para pesquisar sobre a vida de Evita, visitou também o seu túmulo. Lá tinha uma placa, homenagem do sindicato  de taxistas de Buenos Aires. Os dizeres começavam com “Não chores por mim, perdida nem distante, sou parte essencial de sua existência…“.
  • O crítico Roger Ebert, jornal Chicago Sun-Times, explicou o motivo de porque não deveríamos chorar por ela. “Eva conseguiu tudo o que sempre sonhou, e a Argentina deveria chorar por si mesma. Até o pobre Juan Perón deveria derramar uma ou duas lágrimas, já que ele foi relegado ao papel de um homem que dava o braço a uma mulher rica e poderosa. Ele foi simplesmente um acessório de moda“.
  • Em menos de dois meses, o single “Don’t Cry For Me Argentina” alcançou o topo das paradas de sucesso do Reino Unido, onde vendeu mais de um milhão de cópias (1977).

 

  • Che Guevara seria apenas um narrador, que representaria o povo argentino. Depois que Tim Rice soube que o revolucionário cubano nasceu na Argentina. Mas, historicamente, Evita e Che nunca se encontraram. Em algumas produções, o personagem é caracterizado como o revolucionário, em outras não.
  • Victor Berbara foi o produtor responsável por trazer montagens internacionais para o país. Começou em 1962, com “My Fair Lady”, com Bibi Ferreira. Depois vieram “Hello, Dolly” (1966), “Promises, Promises” (1970), até “Evita” (1983).
  • A cantora Cláudia antes de ser escolhida para o papel de Evita na montagem de 1983 teve uma carreira de sucesso na Jovem Guarda, bem como em Festivais da Canção.
  • Aliás, para fazer o teste, Cláudia cantou uma canção que Berbara não conhecia. Ele pediu para então que ela cantasse “Mamãe eu quero”. E foi com esta canção que foi escolhida para o papel.
  • Victor Berbara reescreveu o final do musical para a montagem brasileira de 1983, pois não concordava com a forma que Rice e Webber retrataram Evita.
  • Paula Capovilla recebeu mais de três horas de DVDs e conversou com psicólogos e argentinos residentes no Brasil para ter a compreensão da personalidade da personagem.
  • Antes de Madonna, Meryl Streep e Michelle Pfeiffer foram cotadas para o papel título no cinema.
  • A canção “You Must Love Me“, escrita para o filme, passou a fazer parte da produção de Londres de 2006, assim como também outras produções posteriores. Ela pode estar logo após “Waltz for Eva and Che“, bem como antes de “Eva’s Final Broadcast.

FOTOS DAS MONTAGENS BRASILEIRA

Montagem 1981

Montagem 2011