Desde 2017 o Centro da Terra, espaço cultural independente, sem fins lucrativos, mantido por Keren e Ricardo Karman com o seu teatro subterrâneo instalado em Perdizes, abriu espaço a dezenas de artistas por meio de sua programação realizada por uma equipe de curadores que, a partir de suas pesquisas autorais, trazem trabalhos experimentais de artistas emergentes e/ou consagrados, lançamentos, remontagens, temporadas pós estreia e projetos especiais.
Para 2020, além da continuidade dos shows musicais às segundas e terças-feiras com assinatura do curador Alexandre Matias, o Centro da Terra apresenta novidades em sua programação e time de curadores. Ananda Guimarães, curadora e diretora da MOSCA – Mostra Audiovisual de Cambuquira e especialista em mídia, informação e cultura, fará a programação de cinema com curtas e médias metragens todas quartas-feiras e o bailarino e diretor Diogo Granato será o responsável pelas apresentações de dança, que sobem ao palco todas as quintas e sextas-feiras.
De acordo com a diretora do Centro da Terra Keren Ora Karman, o espaço cultural abre as portas para receber apresentações nas diversas linguagens artísticas que tenham sinergia com a pesquisa da Kompanhia do Centro da Terra, dirigida por Ricardo Karman e que completou 30 anos em 2019. “As experimentações e a pesquisa sempre pautaram o trabalho da Kompanhia, e a programação do Centro da Terra reflete este pensamento artístico”, explica ela.
Música, Cinema e Dança
Funcionando como um laboratório para experimentos musicais, em que artistas testam novas possibilidades e arriscam parcerias, formações e repertórios que nunca foram vistos por seus públicos, a curadoria de música de Alexandre Matias conseguiu estabelecer um vínculo com a cena da música independente brasileira e promete seguir com a mesma “pegada”. As temporadas das segundas-feiras, batizadas de sessão Segundamente, reúnem quatro apresentações de um mesmo artista, que cria uma obra em quatro noites, fracionando sua criação em quatro leituras musicais distintas ou complementares entre si. As terças-feiras abriram para a música a partir de 2018, trazendo shows únicos ou minitemporadas com duas apresentações ou até temporadas inteiras em que artistas diferentes puderam experimentar novas formações para seus trabalhos.
Já a curadora Ananda Guimarães inaugura um espaço dedicado aos curtas e médias metragens a serem exibidos em mostra permanente, valorizando um ângulo da linguagem do Cinema que muitas vezes só é apresentada em festivais. A ideia é que cada sessão (quartas-feiras, às 20h) destaque um profissional do cinema, valorizando funções diversas, para além da direção, como roteiro, montagem, atuação, direção de fotografia, direção de arte, som direto, desenho de som, trilha sonora original e produção. Sempre que possível haverá uma conversa com o artista convidado.
Com apresentações as quintas e sextas-feiras, às 20h, a curadoria de dança do bailarino e diretor Diogo Granato, propõe trazer para o palco inúmeras facetas que a cena autoral paulistana abrange, com o olhar voltado para a diversidade na pesquisa e na criação. Sem se apegar a um recorte específico, uma das ideias é dar visibilidade aos espetáculos de dança finalizados, que apesar de serem resultado de um processo e um trabalho de vários anos, acabam sendo apresentados pouquíssimas vezes. Ao mesmo tempo, sempre haverá espaço para experimentações inéditas e únicas, de acordo com o desejo dos artistas convidados.
Apresentações começam em fevereiro
A programação 2020 do Centro da Terra tem início dia 3 de fevereiro com o show Amostras Emocionais, de Beto Villares (apresentações de 3 de fevereiro a 3 de março, segundas-feiras, às 20h). O compositor e produtor musical, responsável pela produção musical da abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e de filmes como Xingu e Bingo: O Rei das Manhas faz uma série de shows, sempre com convidados especiais, antecipando o seu segundo álbum Aqui Deus Andou que será lançado ainda no primeiro semestre de 2020. Já o show do dia 4 de fevereiro, terça-feira, às 20h, marca o encontro de dois grandes guitarristas do cenário rock brasileiro, Fabio Golfetti (Violeta de Outono) e Zé Antonio Algodoal (Pin Ups), representantes de duas bandas que fizeram história.
As sessões de cinema começam quarta-feira, dia 5 de fevereiro, às 20h, com a exibição de cinco curtas metragens dirigidos por Julia Zakia, que participa de bate-papo com o público após a sessão. O destaque da mostra fica por conta da estreia paulista do filme Rã, dirigido por Júlia e Ana Flávia Cavalcanti.
As apresentações de dança começam na semana seguinte com o espetáculo Performances-Observatório (dias 13 e 14 de fevereiro, quinta e sexta-feira, às 20h). Com concepção e direção de Beth Bastos, as performances-observatório foram criadas com o desejo de despertar sentido ao olhar do observador. Trabalhar com a desaceleração, com o silêncio, com o uso da pausa, da repetição, do recomeço do reverso (reconstruir a frase de movimento de trás para a frente), foram estratégias para criar partituras de movimento inspiradas pelo ambiente e a arquitetura local.
Todas as apresentações e sessões do Centro da Terra contam com ingresso consciente, uma parceria entre os espectadores e os artistas para viabilizar as atrações, sem abrir mão da democratização da cultura, onde o público, consciente do trabalho envolvido para realização do espetáculo, e do valor que ele dá para vivenciar esta experiência, escolhe quanto acha adequado pagar pelo seu ingresso, de acordo com sua condição financeira.
Programação
Música
BETO VILLARES: AMOSTRAS EMOCIONAIS
De 3 de fevereiro a 2 de março, segundas-feiras, às 20h, no Centro da Terra (dia 24 de fevereiro não haverá apresentação).
O compositor e produtor musical, responsável pela produção musical da abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e de filmes como Xingu e Bingo: O Rei das Manhas faz uma série de shows antecipando o seu segundo álbum Aqui Deus Andou que será lançado ainda no primeiro semestre de 2020. A cada apresentação Beto Villares recebe convidados especiais.
Duração – 60 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
ZÉ ANTONIO E FÁBIO GOLFETTI
Dia 4 de fevereiro, terça-feira, às 20h, no Centro da Terra.
O show, dividido em três partes, é o encontro de dois grandes guitarristas do cenário rock brasileiro, Fabio Golfetti (Violeta de Outono) e Zé Antonio Algodoal (Pin Ups), representantes de duas bandas que fizeram história. Na primeira, Fabio mostra algumas de suas composições acompanhado da violinista Fernanda Kostchak (Vanguart) e de seu filho Gabriel Golfetti (Stratus Luna) nos sintetizadores. Em seguida, Zé Antonio apresenta algumas composições inéditas, parte de seu novo trabalho, acompanhado de uma banda formada por músicos da cena alternativa paulistana. Ao final, os dois apresentam juntos versões de músicas de suas próprias bandas e também alguns covers de artistas, que os influenciaram ao longo da carreira. A fusão de estilos e das duas bandas finalizam o show.
Duração – 60 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
JOANA QUEIROZ + 6
Dia 11 de fevereiro, terça-feira, às 20h, no Centro da Terra.
Os artistas emaranham seus trabalhos solo, de formações inusitadas e em variadas convergências, com entremeios improvisados. Sopros, violoncelo, eletrônicos, vozes e percussões com uso ou não de loops e efeitos criam sonoridades imprevistas que se intercalam e se misturam.
Músicos – Joana Queiroz (clarinete, clarone e voz), Filipe Massumi (violoncelo e voz), Loreta Collucci, Claudia Dantas e Natalie Alvim (vozes), Bruno Qual (eletrônicos) e Melina Mulazani (voz e percussões). Iluminação – Olivia Munhoz. Duração – 60 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
LIVIA NERY
Dia 18 de fevereiro, terça-feira, às 20h, no Centro da Terra.
Instrumentista, cantora, compositora e produtora nascida em Salvador, Livia Nery apresenta canções de Estranha Melodia, seu primeiro disco. Produzido pela artista e Curumim, e gravado no Red Bull Studios, o álbum reúne 13 composições. Dessas, apenas Vinte Léguas traz uma regravação (leitura de Livia para a composição de Evinha e Marizinha, registrada em 1974 no álbum Eva, lançado pela Odeon). As 12 restantes trazem Livia em duas parcerias – Quem se Imaginou, com Ricardo Santana, e Pra Trabalhar, ao lado de Tatiana Lírio e Johanna Gaschler – e solo nas outras dez.
Duração – 60 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
Cinema
JULIA ZAKIA
Dia 5 de fevereiro, quarta-feira, às 20h, no Centro da Terra.
Sessão de curtas metragens dirigidos por Julia Zakia, que participa de bate-papo com o público após a sessão. O destaque da mostra fica por conta da estreia paulista do filme Rã, dirigido por Júlia e Ana Flávia Cavalcanti.
Duração – 86 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
Tarabatara, Julia Zakia, Doc, SP, 2007, 23’
O documentário é um chamado ao cotidiano e aos encantos de uma família cigana do sertão de Alagoas. O curta apreende momentos de um período de pausa no nomadismo desses ciganos. Na figura do mais velho e suas memórias, nas mulheres e crianças do grupo, com suas falas e gestos, com seus olhares e afazeres.
O Chapéu do Meu Avô, Julia Zakia, Doc, SP, 2004, 29’
O filme mostra a aproximação entre a documentarista e seu avô chapeleiro. Entre visitas a velhos operários, o revirar de gavetas e armários do avô, roldanas de máquinas e narrações e imagens de histórias antigas, o documentário capta a passagem do tempo, os sentimentos e sutilezas das relações familiares e das relações construídas naquela antiga fábrica.
Pedra Bruta, Julia Zakia, Exp, SP/Mostar- Bósnia, 2009, 8’
Há lugares onde a arte tem que se tornar uma forma de combater a guerra.
Planeta Fábrica, Julia Zakia, Doc, SP, 2019, 11’
O documentário registra os últimos vapores de uma tradicional fábrica de chapéu que está sendo demolida e resgata o material de arquivo de Chapeleiros, filmado no auge da produção dessa mesma fábrica. 100 anos em 11 minutos. Um velho planeta está sendo extinto e novos habitantes ganham vida.
Rã, Julia Zakia e Ana Flávia Cavalcanti, Fic, SP, 2019, 15’
Val e suas duas filhas vivem numa casa de 16 metros quadrados. Em uma madrugada, mãe e filhas são subitamente acordadas com palmas e alguém chamando por Val no portão. A voz é de Neném Preto, amigo de Val e funcionário do mercadinho. No portão, Val ouve dele um estranho pedido: usar seu quintal para colocar uma carga exótica. Mãe de família, ela hesita, mas acaba cedendo.
LEANDRO GODDINHO
Dia 12 de fevereiro, quarta-feira, às 20h, no Centro da Terra.
Exibição dos curtas metragens mais recentes dirigidos por Leandro Goddinho. Destaque para Lolo, dirigido na Alemanha por Leandro em parceria com o diretor brasileiro Paulo Menezes e indicado ao Prêmio Unicef em 2019. A sessão terá a presença e bate-papo com o ator Marcos Oliveira, de Antes Que Seja Tarde e o diretor de arte Rafael Blas, de Piscina.
Duração – 87 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
Piscina, Leandro Goddinho, Fic, SP, 2016, 29’,
Claudia decide investigar o passado de sua avó recém falecida. Através de uma carta ela conhece Marlene, uma velha alemã que vive no Brasil e mantém suas memórias dentro de uma piscina desativada. Piscina fala sobre a perseguição aos gays durante o período nazista e as recentes conquistas dos direitos civis da comunidade LGBTQ+.
Positive Youtubers, Leandro Goddinho, Doc, Online (São Paulo, Berlin, Curitiba, Brasilia, Recife), 2017, 15’,
Filmado inteiramente online, o documentário fala sobre quatro youtubers que criaram canais para falar sobre viver com HIV de uma forma positiva.
O Mundo é Redondo para Ninguém se Esconder nos Cantos – Parte I: Refúgio, Leandro Goddinho, Doc, Alemanha, 2017, 10’.
A jornada de um refugiado gay africano que procura asilo em Munique, Alemanha.
O Mundo é Redondo para Ninguém se Esconder nos Cantos – Parte II: O Beijo, Leandro Goddinho, Exp, Alemanha, 2017, 5’.
Um refugiado gay africano visita o Memorial do Holocausto Gay em Berlim.
Antes que Seja Tarde, Leandro Goddinho, Fic, SP, 2019, 15’.
Brasil, primeira semana de 2019. Um novo presidente toma posse num cenário de fanatismo, preconceitos e violência. Trancados em um quarto de hotel, dois jovens decidem mudar o rumo de suas vidas, antes que seja tarde demais.
Lolo, Leandro Goddinho e Paulo Menezes, Fic, Alemanha, 2019, 13’.
Lolo é um menino gay de 11 anos tentando finalmente convencer Max, seu primeiro amor, a tornar público seu namoro.
ANDRÉ BOMFIM
Dia 19 de fevereiro, quarta-feira, às 20h, no Centro da Terra.
Sessão com documentários de André Bomfim, cineasta que está em finalização de Ainda Estou Vivo, seu primeiro longa-metragem como diretor.
Duração – 52 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
As Incríveis Histórias de um Navio Fantasma, Doc, SP, 2015, 26’.
Los Angeles, 1932. Em meio à Grande Depressão, a terra do cinema prepara-se para sediar uma Olimpíada dos sonhos. Mas longe dos holofotes uma delegação tropical faz de tudo para entrar em cena. Viagem em um navio carregado de café, falta total de recursos, despreparo técnico e emocional, esforço sobre-humano de superação: eis alguns dos destaques. Mesmo não ganhando a Olimpíada, nossa participação deu muito o que falar.
Seguindo a Linha, a História de Ricardo Prado, Doc, SP, 2016, 26’.
Não existe natação sem dor. Assim Ricardo Prado define o esporte que o tornou ídolo na década de 80. Campeão mundial aos 17, medalha de prata aos 19 nas Olimpíadas de Los Angeles, durante quatro anos ele teve que penar para ser o melhor do mundo. Sozinho e longe de casa, suportando uma disciplina quase militar e dividido entre a natação e o cotidiano de uma universidade americana, não foram raros os momentos de dúvida para o atleta adolescente. Para Ricardo Prado, não foi fácil seguir a linha.
Sessões em 2020: Tila Chitunda, Roney Freitas, Thais Fujinaga, Safira Moreira, Amir Admoni e Ana Julia Travia.
Dança
PERFORMANCES-OBSERVATÓRIO
Dias 13 e 14 de fevereiro, quinta e sexta-feira, às 20h, no Centro da Terra.
As performances-observatório foram criadas com o desejo de despertar sentido ao olhar do observador. Trabalhar com a desaceleração, com o silêncio, com o uso da pausa, da repetição, do recomeço do reverso (reconstruir a frase de movimento de trás para a frente), foram estratégias para criar partituras de movimento inspiradas pelo ambiente e a arquitetura local.
Concepção/Direção – Beth Bastos. Dramaturgia – Débora Tabacof. Núcleo Pausa – Isis Marks, Fernanda Windholz, Maíra Mesquita, Emilio Salvetti Cordeiro, Izabel Costa, Maíra Rocha e Daniela Pinheiro. Duração – 60 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
GUME
Dias 20 e 21 de fevereiro, quinta e sexta-feira, às 20h, no Centro da Terra.
Trabalho de performance integrada realizado pela Spio Orquestra e convidados.
Com abordagem experimental, o trabalho abarca uma mescla de métodos de condução expandida, integra as mais diversas modalidades artísticas e desenvolve um trabalho de coesão que vai além de pré-determinações, jogando diretamente com o desconhecido na performance. Toda peça é composta em tempo real. A apresentação conta com a Antônima Cia de Dança e a poeta Beth Brait Alvim.
Duração – 60 minutos. Recomendado para maiores de 14 anos. Ingressos – Ingresso consciente.
Apresentações em 2020: À Mesa, de Henrique Lima e Cabra, de Marina Abib.